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Pára não, seu Seven

por neves, aj, em 08.10.07

(com título àaltura da mais carismática das frases ouvidas na primeira telenovela brasileiraexibida em Portugal, estetexto de meia-dúzia de linhas relata a épica aventura de uma CPU quejá desmembrada e arrumada no canto mais gélido do necrotério resolveu darainda um pio... que não o último, espero eu mui sinceramente)

Photo Sharing and Video Hosting at PhotobucketJá lá vãocinco anos desde o meu primeiro contacto com a CPU 2000 e chamo-lhe assimvisto que é esse ano último do século XX que consta nos seus circuitos deregisto. Não vou dizer que entre nós aconteceu essa treta de amor à primeiravista, mas a verdade é que nos tornámos cúmplices em relação mui estreitade verdadeiro mutualismo, chamemos-lhe, já que ela me proporcionava voar todosos dias sobre o Atlântico ou outros mares e eu permitia-lhe o prazer imenso derodar, de mais poder navegar (em novas águas e mais ousadamente talvez) eaportar em recantos nunca d'antes visitados (e até chegar a mais mundo sehouvesse). Claro que esta minha ousadia em rumar ao desconhecido tinha os seusriscos e algumas vezes a minha amiga, qual caravela quinhentista, sofreu aacção de pragas virulentas lançadas por esses Adamastores que de mitológiconada têm, são bem reais e que não tendo mais nada que fazer resolvem colocara sua sabedoria ao serviço do mal satisfazendo o seu ego com a desgraça alheia(isto se acreditarmos piamente que jamais serão os laboratórios multinacionaisfabricadores de vacinas os próprios produtores de vírus, afinal estes são oseu ganha-pão tal como as moscas, os pernilongos e as baratas o são para asempresas fabricantes de insecticidas mata-moscas).
Nestas alturasa ditosa ia-se abaixo, claro, perdia o encadeamento lógico das coisas e o discoque nos permite interagir com ela descrevia trajectórias absurdas como seentrasse em delírio de tão alucinado que ficava, variava como de formamais simples (mas sábia) gosta o Zé Povinho de dizer. O internamento(internação) em estabelecimento próprio não era longo... um dia, quasesempre dois já que as primeiras 24 horas eram geralmente gastas em observaçãopara apuramento (apuração) específico da causa, definição do diagnóstico etratamento a adoptar e se tantas horas eram consumidas é porque a sua vida nãoestaria em causa e outros pacientes estariam em fila.
Tratada dalesão e em plena forma lá regressava a casa, mas eu sabia (felizmente que elanão) que dia menos dia seria dia de Santa Maria ou por outras palavras um dia avelha carcaça, como lhe passei a chamar com o andar vertiginoso do calendário,iria abaixo não das pernas ou canetas mas dos circuitos.
E no Sábadopassado, não este primeiro de Outubro e sim o último do mês de Setembro desteano de 2007, a velha carcaça pifou, avariou, deu-lhe o pifo ou quebrou como poraqui popularmente se diz para apelidar as avarias: após umas tremideirasnotoriamente mostradas pelo monitor, a CPU deixou de responder e não"arrancava", não se ouvindo sequer o estalido tão característico epróprio daquele "arranque". Vi logo que desta vez a maleita eradiferente já que mesmo perante a ausência de sintomas, os sinais eramcompletamente diferentes dos das doenças virais a que todo e qualquerinternauta já se habituou. Após um fim-de-semana terrível sem poder fazerabsolutamente nada pela minha amiga CPU 2000, que apesar de tudo se mantinhacalma arrepiantemente impávida e serena só com um pequeno olho de luz verdeaceso, e de olhar constantemente para um monitor cego e mudo, lá a levei aodoutor das tecnologias logo pelas primeiras, mas convenientes, horas deSegunda-feira. Ocupado, só à tarde é que me deu o diagnóstico: o fim teriachegado. À minha frente sobre a mesa de operações a velha CPU jazia empedaços completamente desmembrada e dissecada já que segundo o operador alesão seria muito provavelmente a nível das ligações dos inúmeros fiose chips ou microplacas. Seria possível a sua recuperação, embora semgarantia, mas teria que ser feita em casa especializada e as expensasseriam elevadas, quase tanto como as de uma CPU novinha em folha. Amizades ouamores à parte (e afinal uma CPU ainda é coisa inanimada) o negócio seriapura e simplesmente escolher a segunda opção, a aquisição de uma CPU aindapor estrear que, verdade seja dita, era já tema de conversa cá por casa.
Só que esseinvestimento, é realmente investimento quando a carteira não é abonada, sóestava previsto para 2008 visto que outras coisas há a fazer e tenha-se ematenção, em muita atenção, que já paira no ar o desejo de um Natal combacalhau das secas de Aveiro e castanhas de Trás-os-Montes regados com vinho doDão, claro.
Assim, emmomento drástico mas necessário optei pela paragem da continuação do Voz doSeven. Em Janeiro ou Fevereiro continuaria, talvez até de uma forma maiscoordenada. É certo que fui deveras enigmático colocando-vos, a vós leitores,dúvidas na cabeça se seria o fim do Voz ou se seria uma paragem retemperadorade forças o que até motivou preocupação em alguns de vós. Desculpem lá. Nada de grave nosatacou, nem sequer a doença. O motivo daquela entrada de palavras tão radicais(que agora vai ficar escondida em rascunho, mas
guardada como recordação) foi apenas este quevos exponho neste longo texto que estava para ser mais curto e apenas para focara ressurreição, se me é permitida a palavra, da velha CPU e que me está apermitir a exposição desta aventura que é tão verídica quão louca... éque na Sexta-feira passada fui buscar os seus restos mortais e não é quequando o técnico ali mesmo a meu lado montou todas as peças (para quepelo menos o seu sepultamento ou arrumo cá em casa fosse mais digno) aluzinha vermelha apareceu e ouviu-se o célebre estalido do"arranque"... a velha máquina deu sinal de si e aminha mente parece que ouviu, naquele mesmo tom meloso de Gabriela para seuNacib: pára não, seu Seven!
Caros amigos..não acredito em bruxas, mas (como diz o provérbio) também não sei se elasnão existem realmente ou então se foram inventados uns deuses das tecnologiaspara dar uma ajudinha aos que delas tanto precisam para estarem sempre maispertinho,o que eu sei é que a fiel companheira que aqui apelido de CPU 2000 e que aindahei-de eternizar me deu amaior das alegrias por poder continuar a servir-vos aquilo que por cá voucozinhando... a propósito, vou, vamos tratar do almoço.

Aquele abraço.





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publicado às 11:18



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