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Especialmente com o preto a contrastar com o branco, os desenhos das pequenas pedras calcáricas ou basálticas (cubinhos bem irregulares) entrelaçadas pelas mãos hábeis dos calceteiros prendem a atenção do veraneante e harmonizam o ambiente, tornando este trabalho como único no mundo... é mais uma relíquia portuguesa que graças ao espírito aventureiro lusitano se espalhou por toda a parte e marca um pouco presença em todo o mundo mui particularmente em terras onde a Bandeira das Quinas esteve desfraldada ao vento durante séculos.
E esta foi mais uma daquelas entradas que surgiu porque até nós chegou uma apresentação em slides, CALÇADA PORTUGUESA, e não poderíamos deixar de divulgar este também tesouro português não só pelo seu valor mas igualmente para que não fique a ideia que Voz do Seven só enaltece os tesouros gastronómicos, quer os encontrados emterra quer nasprofundezas do mar.
Ao contrário do que se pensa, Senhor Bacalhau não tem pátria, nasce selvagem e não é de ninguém, no entanto a arte e o engenho lusos empregues na forma de o conservar (salga e seca) tornaram-no em mais um dostesouros portugueses.
Este é o Senhor Bacalhau o mais nobre dos peixes para os portugueses, seguramente, apesar de os hábitos das novas gerações terem vindo a modificar-se talvez em parte devido a essa coisa chamada de globalização ou lá outro nome que seja.
Por tão habituados que estão a vê-lo esventrado, sem cabeça, seco e salgado, a maioria dos mortais até pode ser levada a pensar que Senhor Bacalhau não possui forma como o mais comum dos peixes ou que transpira sal por todos os poros. Nada disso. Senhor Bacalhau, nas suas mais variadas espécies, é um peixe digamos que vulgar só que tem a particularidade de gostar de mergulhar em águas frias, geladas melhor dizendo, como as da Terra Nova, da Gronelândia (Groenlândia por aqui) e daNoruega, claro. Não estamos muito à vontade para afirmar das razões que teriam levado Senhor Bacalhau a passar a ser visita tão frequente dos lares portugueses, embora agora bem menos que em tempos passados como na nossa infância e adolescência onde era presença obrigatória ao jantar, mas não será de excluir que a historicamente aceite chegada à Terra Nova de navegadores portugueses [João Vaz Corte Real e Álvaro Martins Homem] em 1471 ou 1472, quiçá os primeiros estrangeiros a avistarem aquelas paragens, muito teria contribuído para que Senhor Bacalhau passasse a fazer parte da dieta quase diária dos portugueses e recebesse o honroso epíteto de Fiel Amigo. No entanto para que Senhor Bacalhau nos chegue à mesa e delicie até as bocas mais exigentes, não só lusitanas já que a fama galgou fronteiras chegando inclusive aqui a terras brasileiras, muitas léguas ele tem de percorrer e a sua carne branca tem de passar por várias etapas que uma larga maioria dos seus apreciadores até desconhece e se hoje a sua pesca nas águas gélidas nas proximidades do Ártico é bastante facilitada pelas enormes e possantes embarcações das frotas apetrechadas com a mais moderna tecnologia, em tempos de antanho a captura de Senhor Bacalhau era uma missão árdua e que só se tornava possível graças à destemida bravura de verdadeiros lobos do mar que durante meio ano tinham um barco como lar, como alimentação tigeladas de "chora" e como paisagem céu e mar, muito mar.
E, claro, que em crónica dedicada a Senhor Bacalhau não poderíamos deixar de indicar algumas receitas culinárias de bacalhau em que ele é rei e senhor e cuja compilação recebemos por altura do Natal passado (para além desta de Bolinhos de Bacalhau muito nossa), mas antes de finalizar torna-se absolutamente obrigatório também fazer homenagem àqueles que vão permitindo que Senhor Bacalhau nos chegue à mesa principalmente aos homens e mulheres de antanho em que as condições de captura, salga e seca eram bem mais difíceis: PESCA DO BACALHAU, uma apresentação de slides enviada por amigo e que nos narra ao som da Canção do Mar as dificuldades passadas no antigamente pelos pescadores portugueses e ainda o artigo FIEL AMIGO, um texto nosso já aqui publicado no Voz com dedicação especial a esses mesmos heróis das fainas bacalhoeiras que tendo por fundo mar, apenas mar e muita neblina por vezes, saíam do barco-mãe para nos seus pequenos dóris pescarem à linha este verdadeiro tesouro que enriquece toda e qualquer mesa portuguesa, com certeza.