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Guerra ao cigarro

por neves, aj, em 07.01.08

PhotobucketÉ mais ou menos assim chamada pela maior parte da comunicação social a proibição de fumar em locais públicos, como bares, cafés e restaurantes, que alguns governos europeus decretaram. A foto retrata uma desobediência em bar ou café de França, mas aproveitamos para informar o Povo deste lado do Atlântico, já que os órgãos informativos brasileiros se esqueceram de mencionar, que também foram impostas em Portugal restrições bem idênticas.
Rígidas em demasia, dizem uns. Nós como fumador aceitamo-las perfeitamente. E, por favor, não nos venham com a ausência física já que ainda sem a existência desta lei, chamemos-lhe radical, cumpríamos desde que entrássemos em local onde deparássemos com dístico a solicitar que não se fumasse. Como tal para nós nada terá de extraordinário e será tudo uma questão de hábito (ou vício, talvez): toma-se o cafezinho faz-se uma pausa e vem-se à rua fumar o cigarro. Como tantos fazem no emprego. Registe-se ainda que já estávamos também habituados a muitas proibições como em repartições públicas, bancos, bibliotecas ou transportes públicos. A propósito, será que se não deixarmos de fumar jamais poderemos voltar a Portugal? Ou teremos que solicitar à TAP a abertura de uma excepção? Para cá não pedimos e com todos os trâmites foram aí umas 12 ou 13 horas sem fumigar os pulmões. Conseguimos e não morremos. Como também se conseguirá quando novamente for necessário.
PhotobucketAbrimos um parêntesis para fazer uma comparação que podendo parecer absurda, para nós não o é. Assim se nos é permitido diga-se que esta lei antitabaco nos incomoda tanto como uma lei existente por aqui que pune os actos racistas e ou xenófobos. Para nós esta não seria necessária. Os princípios escutados na casa materna bastam-nos, assim como para a lei do cigarro basta o civismo. Mas concordamos que se tenha feito Lei. Especialmente dirigida para os que não conhecem os direitos do próximo nem as leis da salutar convivência. Afinal como se fez, por exemplo, para o uso do cinto de segurança que os casmurros colocam só para não pagarem a respectiva multa e não porque é sinónimo de segurança. E só é pena que a vigilância nas estradas não aumente ainda mais para punir as constantes infracções no uso de telemóveis ou celulares quando conduzem ou dirigem e aproveite-se para dizer que somos pela proibição dos toques ou ringtones em locais públicos. É que por mais lei que se crie cremos que jamais entrará na cabeça de certos condutores ou motoristas que o automóvel que eles levam na mão se pode transformar numa arma mais letal que as de fogo.
Do que lemos, achamos é que a comunicação social fez uma tempestade em copo de água, alarmou e provocou confusão. Por outro lado ainda achamos que é um absurdo que se faça desta lei um cavalo de batalha para a luta antitabágica como forma de promover saúde e que ainda se aproveite esta mesma lei para autenticamente discriminar o fumador ou fumante... ele não é criminoso algum, é livre de escolher, o seu direito de fumar é igual ao direito do que opta por não fumar e se tem o dever de respeitar o não fumador (não fumando) também o não fumador tem o dever de respeitar o fumador, não chateando, e nem sequer se deve preocupar (em falso puritanismo a maior parte das vezes) com a saúde do fumador. Ele sabe, pelo menos nós sabemos, que o tabaco causa problemas de saúde que podem levar à morte. Tanto o sabemos que, fumando, sempre o fizemos ver à filha que, também filha de fumadora, curiosamente (ou talvez não) não fuma. Porquê? Será só mérito dela?
PhotobucketNão gostaríamos de finalizar sem no entanto manifestar  que somos apologistas de cafés exclusivamente abertos ao fumo desde que por vontade expressa do proprietário, com sinalização bem evidente e com sistema de ventilação funcional e adequada que permita a hipotética permanência dos que se possam sentir incomodados com o fumo que pré-avisados só entrariam se for sua vontade. Em caso contrário vai ser muito difícil manter tradicionais grupos de amigos, as tertúlias que tanta vida dão a certos cafés e de que a França é paradigma mas que em Portugal também abundam. Do que lemos pareceu-nos que não é permitido por lei se o espaço não tiver no mínimo 100 metros quadrados para que destes sejam destinados 30 por cento aos fumadores. Penalizamo-nos se não soubemos interpretar. É ainda nosso desejo de que não nos chamem de egoístas ou de estar a puxar a brasa para o nosso cigarro mas já imaginaram se tivessem coarctado o fumo (e a aguardente) a Fernando Pessoa? Hoje teríamos a Mensagem? Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro teriam existido? A Brasileira em Lisboa teria a sua imagem na esplanada? E só falamos deste grande da Literatura Portuguesa, talvez a figura lusa mais conceituada por aqui pelo Brasil, porque não sabemos se Lobo Antunes é frequentador de cafés.

Em conclusão: como todas as leis que mexem com os hábitos do Povo, esta levantou a sua poeira mas claro que será cumprida, os portugueses entrarão rapidamente nos eixos embora ela, a Lei, possa dar azo a situações caricatas como esta na Alemanha e, atenção muita atenção, não nos admiremos que esposas venham a interpor providências cautelares ou liminares ou lá o que seja visto que os nossos conhecimentos jurídicos são escassos, para impedir o fumo em casa e o marido se veja obrigado a ir fumar o cigarrito à rua... o marido e não só.




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publicado às 17:14




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