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Cão e gato

por neves, aj, em 16.03.08

Photobucket... e a tradição deixa de o ser quando certos instintos (de sobrevivência e fisiológicos, afectivos talvez também) se sobrepõem ao mais banal deles: guerrearem-se como cão e gato. Será caso para dizer que a necessidade tem o condão de unir mesmo os inimigos mais notáveis que andam ao cimo da Terra, de (atrevemo-nos a dizer) os humanizar... isto, claro, se considerarmos que o humanismo ainda carrega consigo o amor e a solidariedade.
A fotografia é deveras
ternurenta. Apesar de não nos mostrar "aquele abraço" entrelaçado ela revela-nos desde logo uma sã convivência entre as personagens nada condizente com as suas condições de cão e gato, recordamos, que apartando este último facto de serem inimigos ancestrais é ilustradora de uma carinhosa cena familiar em que a mãe protectora vigia os seus filhos até à hora da próxima mamada. Estas partidas da Natureza até nos levam a interrogarmo-nos se realmente os irracionais são desprovidos de sentimentos e se na verdade tudo se resumirá unicamente a uma questão de instintos: a cachorra, acabada de parir uma ninhada de filhos mortos, terá necessidade de amamentar e os gatitos que privados da mãe natural (envenenamento da matriarca) têm necessidade de se alimentarem de leite para sobreviverem.
Mas esta entrada só tomou a forma com que se apresenta por influência de umadenúncia publicada no Pontos nos iii sobre o abandono de um pequeno gato (abandono da parte de humanos, frise-se) em contentor de lixo na nossa cidade de Santa Comba Dão, mais concretamente na freguesia de Pinheiro de Ázere. O autor, advogado de profissão, faz crítica ao Código Penal cuja última alteração passou ao lado da problemática alertando ainda que "... tais condutas cobardes e indignas deveriam ser puníveis criminalmente..." e que "... aos olhos da lei portuguesa, os animais continuam a ser tratados como meras coisas, quase como objectos...". Finaliza com a interrogação de até quando a nossa cidade de Santa Comba Dão continuará sem um canil municipal.
O nosso conterrâneo terá toda a razão. Distante dos tempos retrógrados em que o planeamento dos animais era feito à nascença (a nossa contrição é feita sistemática e diariamente em dedicação à Piruças) há realmente necessidade de se criar um espaço próprio e digno para os irracionais que fazem parte do nosso dia-a-dia e que, afinal, até fazem parte do nosso agregado familiar. Proteger os animais será a nossa obrigação (tanto que eles pagam-nos bem com carinho e companhia) e concordamos que se lhes atribuam direitos (que de maneira alguma possam interferir nos direitos dos humanos independentemente da sua condição social), mas que os seus deveres perante a sociedade, na pessoa de seus proprietários ou autoridades representantes, sejam também uma realidade para ser cumprida.


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publicado às 07:42




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