Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A opinião de LARA GUINA
Mães com ansiedade de separação
Na nossa sociedade existe um número crescente de mulheres que se encontram a trabalhar, conjugando a maternidade com o trabalho. As mães possuem alguns meses de licença de parto, tendo a maior parte das crianças outro prestador de cuidados para além da mãe. O infantário é a solução mais utilizada, especialmente nas grandes cidades onde os avós já não se encontram disponíveis. Lara Guina
A ansiedade de separação sentida pelas mães consiste num estado emocional desagradável resultante exclusivamente da experiência de separação entre a mãe e a criança, vivenciada, por exemplo, quando diariamente a mãe deixa o seu filho no infantário para ir trabalhar.
O trabalho materno poderá por si só exercer uma influência negativa sobre o desenvolvimento da criança, mas os sentimentos maternos face ao trabalho e as crenças maternas acerca dos efeitos na criança da separação devida ao trabalho. Neste sentido, tais factores parecem influenciar de um modo significativo a intensidade da ansiedade de separação materna, bem como a adaptação psicossocial da criança. Assim, é possível que se desenvolva uma relação insegura/evitante nas crianças cujas mães evidenciem uma elevada ansiedade de separação.
Estas crianças tendem a ter uma maior probabilidade de adquirirem comportamentos caracterizados pelo isolamento e ansiedade, o que revela uma baixa competência social.
Sendo a ligação inicial entre a criança e a sua mãe a base a partir da qual se desenvolvem as relações posteriores da criança e através da qual a criança constrói toda a sua maneira de ser, é importante que estas mães tomem consciência da sua preocupação e ansiedade e que deixem de ser tão intrusivas, de forma a poderem ajudar as suas crianças a serem mais autónomas. A autonomia permite à criança a criação de um sentimento de segurança e confiança, essenciais para a mobilização de comportamentos exploratórios. Assim, o desenvolvimento de uma relação saudável e de confiança entre os pais e a criança é o melhor para todos.
Para além de proporcionarem situações de exposição gradual ao afastamento dos filhos, os pais devem aprender a lidar com a incerteza e o risco e a sentirem tranquilidade, segurança e confiança, mesmo na ausência das crianças. A permanência em casa de familiares próximos, refeições em casa de amigos, o brincar sozinho na própria casa sem ter a possibilidade de visualizar os pais, convívio com outras crianças, a ida para a pré-escola, contam-se entre as múltiplas estratégias que, com facilidade, se pode adoptar no intuito de não só educar uma criança para um crescimento fundado na segurança de que os pais permanecem presentes ainda que objectivamente ausentes, mas também de educar os pais a saberem lidar com ausência dos filhos. Privar as crianças deste tipo de experiências é fomentar o seu receio, fortalecer as suas expectativas negativas acerca do desconhecimento, comprometer a aprendizagem de mecanismos de enfrentamento e defesa, além de perpetuar a ansiedade patológica ao longo das fases de desenvolvimento seguintes.
Psicóloga Clínica
http://laraguina-psicologa.blogspot.com/