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... com certeza!
A canção é bem antiga e as gerações mais velhas recordam bem, com certeza, que foi a voz de Amália que a espalhou por toda a casa portuguesa, que ainda hoje é casa onde fica bem pão e vinho sobre a mesa.
Entretanto outras vozes se alevantaram também a cantar a dita e, com mais ou menos arte, espalhou-se por toda a parte até mesmo a cada uma das casas portuguesas que por aqui foram nascendo aquando do pico da emigração lusitana para o Brasil. Para matar a saudade, dir-se-ia certamente.
Saudade esta que foi sempre muito bem explorada pelo mais brasileiro dos portugueses, dizem, o cantor Roberto Leal que rumou a estas paragens ainda pela mão dos pais emigrantes e que um dia resolveu abandonar a vida de feirante para subir aos palcos. Fez sucesso, enorme, e hoje é uma referência portuguesa por terras do Brasil. Sinceramente que não sabemos se se perdeu um grande feirante, mas também não sabemos se se teria ganho lá grande cantor. A nós passa-nos ao lado. No entanto, a verdade é que Roberto Leal é "marca registada" tal como o Vinho do Porto, o Bacalhau do Porto (vá lá saber-se porquê, se as secas são em Aveiro e Figueira) ou os Pastéis de Belém, que para nós são de nata, ou ainda os Jerónimos, o azeite e a cortiça ou Fátima. Gostos não se discutem, claro, e ao que consta o seleccionador nacional português é um fã incondicional do Roberto tanto que durante as concentrações da Selecção coloca as suas músicas para, cremos, estimular o peito lusitano aos seus pupilos. Bom, como diria o Joaquim Matoco, do mal o menos, sempre é mais suave que uma dissertação histórica sobre Afonso Henriques ou Vasco da Gama na voz de Hermano Saraiva.
Está claro que o hotel em Viseu onde a Selecção de Todos Nós (note-se bem) está concentrada não podia deixar de ser uma casa portuguesa, tanto que até se está em pleno coração da Beira cujas tradições se enquadram plena e completamente nos dizeres dos versos do poema, e nada melhor que a presença de Roberto Leal para completar o quadro. Ao que parece foi recebido com pompa e circunstância, convenhamos que até era portador de uma missiva do Presidente Lula da Silva a desejar sucesso ao seu patrício Luiz Felipe Scolari (também de Pelé apesar de oMaisFutebol não o noticiar), ofereceu um guitarra ao xerife e, claro, entoou conjuntamente com Felipão uns acordes d' Uma Casa Portuguesa numa versão que criou e que com franqueza vos dizemos se não teria levado Amália a revoltar-se no túmulo... talvez, com certeza. Contudo festa é festa e, como não podia deixar de ser, Voz do Seven associa-se convidando-vos também a revelar os vossos dotes. Façam favor de se servir do acompanhamento que temos aqui no cardápio: Concertinas do Vale do Tejo (instrumental), Amália Rodrigues, Ada de Castro e Roberto Leal, afinal estamos n'Uma Casa Portuguesa, também democrática, com certeza... e ainda, como sobremesa, uma bonita mescla luso-brasileira, o Samba-enredo da Escola da Mangueira (Rio de Janeiro) no Carnaval 2007: "Minha Pátria é a minha língua..." que finaliza com "... faz do palácio do samba uma casa portuguesa, é uma casa portuguesa com certeza" [letra].