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É Inverno sim, mas em relação àquele que deixei na Beira este é muito mais suave... contudo, em verdadeiro paradoxo ou talvez não, por vezes sinto falta do meu ou antes talvez de umas fumegantes batatas cozidas com bacalhau que necessitam de ambiente frio para serem degustadas como deve ser.
Não há Sol porque as nuvens em diversos tons de cinza não o permitem. A iluminação pública ainda está ligada e corre uma brisa suave. Noto-o pelo brando agitar das pernadas de algumas árvores entre prédios. Contudo sei que para além das vidraças não há frio. Já estive de janela aberta para sentir o ar fresquinho enquanto saboreava um café acabadinho de fazer. É a minha missão matinal, quotidiana: fazer uma cafeteira de café logo após me levantar. Hoje fui malandro... adormeci, e só estou aqui a esta hora, 7 horas e 24 minutos, por acaso. Bom, por acaso não será propriamente, já que um cachorro na cidade fará as vezes de um galo nos campos. Provavelmente por estranhar que eu ainda não estivesse a pé, a minha Piruças foi "grunhir suavemente", qual despertador andante, junto à cabeceira da cama onde durmo. De sono extremamente leve, como sempre tive, despertei logo com o som "tique-tique" das unhas das patas no assoalho em tacos e ao meu afago correspondeu de imediato com um frenético abanar de cauda. Missão cumprida teria meditado em contentamento. Sem acordar a Maria saltei da cama. Não foi necessário acender a luz do candeeiro sempre em pé no centro do criado mudo, a mesinha de cabeceira lusitana, já que a luz do dia vinda da janela da sala (onde está a Bandeira) é suficiente. Muito, já que as vidraças são grandes. Depois das necessidades e das formalidades habituais correspondi ao primeiro bom-dia do dia dado por um PM (policial militar) a caminho do quartel que é mesmo aqui à frente após dois zigue-zagues de asfalto e casas. Nesta altura já estava à janela tal como falei no início: na mão direita uma xícara dessa preciosa bebida negra que nem breu que tem o nome de café e a que me habituei por aqui (em demasia talvez) e na esquerda o usual prego fumegante que teima em não me largar apesar de a consciência saber que era já tempo de ele ir embora. Dizia eu que a brisa corria suavemente, mas não sentia frio apesar de estar de "camisola de manga curta", uma camiseta, digamos assim para que todos percebam. Algumas aves passavam em voo calmo, mas não escutava o chilreio habitual dos periquitos verdes que logo cedo costumam visitar o comedouro que o vizinho da frente lhes faculta. Talvez fosse culpa do tempo, pensei, da humidade que lhes deve atrapalhar o voo. Assim também me parece dizer a Piruças já que se enroscou toda no espaço que lhe está destinado. Deve sentir frio, pensei, e cobri-a com uma ponta da manta que lhe serve de colchão e de cobertor... espichou-se a todo o comprimento em agradecimento e agora dorme. Ela até merece, é companheira bem fixe ou legal se desejarem. Dos fios de electricidade, de telefone, Tv cabo e tudo mais pendiam gotas de chuva mudas e quedas, ao contrário daquelas que observava na infância no meu Outeirinho que corriam fio afora até formarem gota maior que obrigatoriamente tinha que se despedaçar no solo. Não terá nada a ver com as latitudes contrárias antes sim com a inclinação da rua. Ah, o chão estava molhado e embora sem poças de água deu para entender que enquanto dormi a chuva caiu, de mansinho certamente.... foi uma noite de chuva, afinal como também diria ao acordar qualquer zé beirão...