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(ontem não houve tempo, ditosa Santa Comba)
Esta prenda que te dou no oitavo aniversário da tua elevação a cidade não é uma rosa, mas foi gerada no teu jardim.
Tu sabe-lo bem, ditosa Santa Comba, sabes bem que não é rosa, mas o que talvez não saibas é que este quadro que em rima de flor te dou com amor, o teu jardim, é das jóias mais raras e belas que o amigo JVicente já captou e depois enviou, também para mim, com dedicatória especial a todos os teus filhos Santacombadenses que como eu estão ausentes e que tanto amor por ti sentem.
A prenda que te dou parece simples, talvez simples em demasia mas gostava que parasses um pouco, amada mãe-terra, e que fizesses aquilo que muitos dos teus filhos tanto esquecem: aprecia este teu quadro como vaidosa defronte ao espelho, vendo o quão esbelta te apresentas com esse véu de tão enigmáticos tons cinza azulados, qual dama em peregrinação dominical até à imponente Igreja virada a oeste. Observa-te completamente livre do buliço automóvel e, sem muito esforço e com muita boa vontade, quase que ouves o borbulhar da água na fonte que ilumina à noite e que para alguns é incompreensivelmente de desamores, mas que emoldura em beleza refrescante e ímpar o mais emblemático dos teus jardins. Olha, repara também no velhinho Pinheiro de Natal e sente o orgulho que eu sinto ao vê-lo ainda de pé, qual majestade imperial rodeada pelo seu séquito, esbeltamente podado diga-se, em harmoniosa vassalagem.
Está na hora da despedida, amada mãe-terra, mas ainda com uma réstia de tempo e de olhar grudado a esta prenda que te dou digo-te que o teu jardim está tão belo e tão igual (felizmente, acrescento com prazer) àquele jardim que deixei que até parece que não decorreram cinco anos desde a última vez que a minha pituitária sentiu os seus odores. Congratulo-me. Sabes bem que sou pela evolução e é meu desejo que o progresso te atinja e que tu o acompanhes, mas é meu desejo também que esse mesmo progresso seja sempre feito com proporcionada e ponderada preservação dos belos quadros emoldurados na memória de teus filhos que não te tocam diariamente.
Aquele abraço!