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(provavelmente a pena maior é infligida pelopróprio ao obrigar-se a encarar os seus familiares a quem colocou às costas uma cruzpesadíssima cravejada de sangue e vergonha)
Na sua dissertação, o juiz-presidente mostrou alguma insatisfação por o arguido não admitir a culpa e de forma bem realista antevendo o recurso a que ele tem direito desafiou-o a reconsiderar a sua posição e a confessar em Tribunal Superior. (Portugal Diário) A revolta e a indignação novamente tomaram conta do Povo ao imaginarem o ex-cabo e ex-respeitado na sua terra natal, a sair em liberdade. Liberdade esta que pode ser total, igual aos demais homens livres, no fim do cumprimento de cinco sextos da pena. Até lá pode ainda o lobo agora despido de pele de cordeiro usufruir dos direitos consagrados na Lei, de ao fim de cumprimento de um quarto da pena (seis anos e tal) solicitar dias de saída, as chamadas saídas precárias que levam este nome porque não são duradouras e implicam um regresso. (Correio da Manhã) Muito por culpa da recordação do assassino da praia do Osso da Baleia que na cadeia até virou sacristão, cumpre-nos pedir desculpa pelo desabafo e pela ironia usados no que acabámos de escrever acima, mas a enorme dor e a revolta que tomaram conta de todo aquele que prima por uma sociedade civilizada também nos atingiram e além do mais consideramo-nos igualmente lesados, decepados de maravilhosas recordações entoadas em raciocínios lógicos e escritas na forma de fracções, teoremas, equações... Inevitavelmente muitos de nós se interrogam sobre o nosso sistema penal, que dizem de penas brandas. Alguns defendem a perpétua e outros chegam a apelar à pena de morte em exclusividade para casos como este. Quanto à primeira (de enormes custos para qualquer país) parece-nos mais atitude punitiva que de reinserção social o que contraria a forma como Portugal encara o sistema penal, prisional ou judicial e quanto à segunda nós pessoalmente somos contra. Não somos apologistas da pena de morte. Quanto a nós, a pena de morte não é propriamente justiça é antes vingança que leva a sociedade a agir da mesma forma que o assassino e, independentemente das crenças religiosas que nada devem ter a ver com estas coisas de leis dos homens, defendemos que ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém. Para mais, cremos que executar um homicida é livrá-lo do mal e dar-lhe a liberdade, presenteá-lo com o privilégio de jamais enfrentar a sociedade pelos actos (tresloucados) cometidos, livrá-lo da confrontação social, matá-lo é livrá-lo de pagar penosamente no "inferno terreno" perante os olhos dos homens já que se saiba ainda ninguém teve o privilégio de assistir à execução da "justiça divina", em suma, executá-lo é oferecer-lhe a fuga, fuga esta que, por exemplo, o suicida tanto busca. |
compartilhandouma dor A Ponte Submersa atormentado</font>
Post-scriptum- ainda em sufoco, mas já mais aliviado, quero enviar um abraço mui fraterno esolidário a todos os familiares das jovens flores abruptamente ceifadas donosso jardim. Pelos exemplos que por aqui tenho conhecimento (ó tanta mãeórfã de seus filhos) atrevo-me a sugerir a constituição de uma fundaçãocom o nome das vossas meninas. As ajudas não faltarão, não podem faltar, ecreio que para além de as homenagear eternizando-as e de poderem contribuirpara uma sociedade mais fraterna, a vossa dor ameniza um pouquinho mais.
Com sinceridade e ao vossodispor
Neves, AJ