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À primeira vista até parece que a menina está a distribuir kits ou estojos para visitante se fazer acompanhar aquando dos Jogos de Pequim 2008. Sim, salta logo à vista que é referente à Olimpíada do próximo ano já que os anéis (olímpicos) não enganam, mas julgar que se trata de um estojo (onde o turista poderia encontrar a bandeirinha do seu país, um guia turístico ou uma camisola/camisa referente ao evento) é que é erro do tamanho da Muralha (da China). Pelo que lemos, talveznem tanto.
Melancias, caros amigos.
Verdade. Aquilo que realmente parecia uma caixa ou malinha de mão supostamente leve para turista não andar carregado que nem burro pelas ruas da capital da China é nada mais nada menos que uma melancia desprovida da sua forma aboborada e, pior, do tradicionalíssimo verde da casca salpicado por manchas esbranquiçadas que conjuntamente com o saboroso e refrescante vermelho do seu interior tanto alimentam o ego republicano das gentes lusitanas quando abocanham uma fatia do suculento fruto.
Intrigante, não? Nem tanto.
Quanto à forma das ditas apesar de estranha não é nada de outro mundo. Facilmente se consegue levar o fruto a tomar essa forma se o obrigarmos a crescer dentro de um molde com essa mesma forma que jamais é quadrada como a legenda da figura indica (quadrado é figura geométrica em um só plano) e sim prismática quadrangular vindo a propósito dizer que o cubo é o mais regular desses prismas cujas 6 faces são quadrados. Esta obrigatoriedade de levar um fruto a crescer à vontade de cada um faz-nos lembrar a célebre Aguardente de Pêra fabricada pela empresa do ainda mais célebre Licor Beirão, o licor de Portugal que atravessa fronteiras desde os anos 50 do século passado. A citada aguardente celebrizou-se não tanto pelo seu paladar (ao contrário do Licor) antes sim porque se apresentava em garrafa de vidro, transparente note-se bem, com uma pêra no seu interior... era a chamada aguardente de pêra com ela [aqui exemplar de marca francesa]. De imediato, do Minho ao Algarve, dos Açores à Madeira e talvez até nas Berlengas se instalou a maior das interrogações: como era colocada a pêra dentro da garrafa?
Bom, como diria o Jaquim Matôco, fosse a mente humana mais dedutiva e menos objectiva e a questão nem era merecedora de discussão porque salta à vista ser impossível a pêra passar pelo estreito gargalo. Então seria a garrafa a envolver a pêra... como tal também não era possível por solidez quebradiça do vidro o mais lógico seria então que a pêra crescesse dentro de uma garrafa de vidro, obrigatoriamente transparente para que a luz solar pudesse desenvolver a sua função. E assim era e é: logo que a floração acontece na pereira cada uma das flores é encaminhada e metida no interior das garrafas e estas penduradas nos ramos da árvore... será como que uma árvore de garrafas. O fruto cresce e assim amadurece dentro da garrafa, tornando-se agora impossível, em verdadeiro paradoxo à interrogação inicial, tirá-lo cá para fora. Para obter o produto final é só encher a garrafa com aguardente (e talvez mais uns aditivos) e rotular.
Agora quanto à cor, à ausência das tradicionais manchas verdes e brancas é que estamos cônscios que já entrará a manipulação genética, prática cada vez mais usual no mundo de hoje e alvo de enorme contestação, mas que não abordamos agora pela delicadeza e, confessamos, pela falta de informação exacta. As bandeirinhas serão certamente gravadas por técnica qualquer.
Já em recta final temos que concordar que as melancias quadradas (cúbicas ou prismáticas, corrigimos) são realmente interessantes, absolutamente de fácil arrumação evitando até que escorreguem ladeira abaixo e até são bonitas, convenhamos, mas será que são realmente saborosas?
E assim caros amigos, mesmo com a sobrecarga das arreliadoras sementes parece-nos que as melancias originais, suculentas de babar os beiços, devem ser bem melhores e vamos nessa. Hoje mesmo após o almoço a sobremesa será melancia, redondinha e brasileira, verde-rubra portuguesa com certeza.