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A opinião de LARA GUINA
Antes e depois das férias
As férias são um acontecimento marcante influenciando o nosso estado de espírito. Antes, pelo cansaço e expectativa que as antecedem, depois pelo impacto da mudança súbita nos primeiros dias, e finalmente pelo embate do regresso à realidade.
Muitos de nós conhecemos a tensão que resulta da contagem decrescente dos últimos dias de trabalho, seguidos de uma «queda» abrupta nas férias. Essa transição difícil entre os últimos dias de trabalho em que nos agitamos febrilmente «para deixar tudo feito», e as primeiras horas e dias livres da pressão insuportável a que as sucessivas dead-line nos obrigaram ao longo de um ano de actividade sem tréguas, precipita-nos numa estranha terra de ninguém, deixando-nos verdadeiros zombies a flutuar entre o «cá» e o «lá», sem saber ao certo onde vamos aterrar.
A razão no nosso eventual desconforto e vaga angústia nos primeiros dias de férias é atribuída à descompressão súbita de grandes quantidades de stress acumulado ao longo de um ano de trabalho. Mas tal como acontece num mergulho a grande profundidade, teremos que encontrar meios para lhe sobrevivermos sem grandes angústias, e ir descomprimindo devagar até que finalmente nos habituemos, não só aos novos dias mas também à nova proximidade com a família. Para quem está habituado à agitação e independência de um dia a dia apressado, e à gestão da sua própria rotina, passar, de repente, dias inteiros com a família pode ser difícil de suportar. a nossa capacidade de adaptação é grande, e ainda bem que assim é. Rapidamente nos habituamos à convivência prolongada e aos cuidados extra, e acabamos por valorizar o prazer desta nova intimidade. Com o avançar das férias esse prazer passa a ser uma necessidade fundamental. Tentamos aproveitar o melhor possível um interregno tranquilo que se sabe estar condenado a prazo, mal o tempo de descanso acabe.
Dizem os entendidos nestas matérias que o tempo necessário para estabilizar e tirar o melhor proveito possível das férias depende, em termos gerais, do grau de estruturação emocional que cada um de nós tem, no momento da partida. Se a relação afectiva é satisfatória e equilibrada, a mudança súbita de ritmo poderá acrescentar uma ou outra tensão pontual, mas nada que ponha seriamente em risco a estabilidade do casal. Pelo contrário. O descanso faz milagres que são tanto mais «reais» e duradouros quanto mais saudável é a base do entendimento amoroso entre os dois elementos do casal. De longe, as preocupações são olhadas com outros olhos, já não nos parecem tão assustadoras ou difíceis de ultrapassar, e os becos sem saída resolvem-se naturalmente, surgem novos caminhos e soluções. Finalmente, um dos sintomas de equilíbrio e de saúde mental é o facto de darmos valor aos bons momentos quando eles se apresentam, saboreando-os intensamente, sem projectar no futuro uma felicidade utópica.
Em férias, somos obrigados em poucos dias a acertar o passo entre todos, a concertar interesses por vezes opostos e a aceitar uma nova ordem quando, afinal, o nosso «eu» mais profundo clama por liberdade de movimentos. Mas quando nos «habituamos» ao descanso e acabamos por descontrair profundamente, voltar a casa nunca é pacífico. Não é de estranhar que nos custe regressar ao velho ciclo de rotinas a que teremos que nos readaptar. Também esta mudança, não tão potencialmente renovadora como a «chegada» a férias, pode ser fonte de tristeza profunda. É um «adeus» a um tempo de liberdade, sendo que as restrições se tornam muito mais leves. Por outro lado, e mais uma vez, muito depende do nosso grau de satisfação em geral, do equilíbrio e da estabilidade, da capacidade de adaptação e de gestão dos sentimentos mais negativos. Se nos sentimos fundamentalmente em boa forma, por «dentro» e por fora, o regresso implica uma certa nostalgia mas ainda trazemos intactas a energia entretanto adquirida, assim como as boas memórias. Mas se arrastamos problemas não resolvidos, tal como no começo, o regresso é amargo. Traz as antigas inquietações e memórias de stress, e com elas um novo diagnóstico do estado depressivo a que um grupo de investigadores espanhóis chamou «depressão pós-férias». Sendo cada vez mais comum, esta depressão normalmente não dura mais que duas semanas e prende-se com o facto de se regressar a uma actividade que causa demasiado stress, apesar de criativa e exercida com satisfação, ou então de voltar a manter uma actividade de que não se gosta, pura e simplesmente.
Lara Guina
Psicóloga Clínica
http://laraguina-psicologa.blogspot.com/
![]() | ÉPOCA 2008/09 | ||||||||||
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Sporting CP | FC Porto 1ª ELIMINATÓRIA FASE DE GRUPOS |
1ª eliminatória | adversário | país | 1ª mão | 2ª mão | GERAL |
Vit. Guimarães | Portsmouth | Inglaterra | 0-2 | 2-2 | 2-4 |
SL Benfica | Nápoles | Itália | 2-3 | 2-0 | 4-3 |
Vit. Setúbal | Heerenveen | Holanda | 1-1 | 2-5 | 3-6 |
CS Marítimo | Valência | Espanha | 0-1 | 1-2 | 1-3 |
Sp Braga | Artmedia | Eslováquia | 4-0 | 2-0 | 6-0 |
Pequim 2008 findou, dêem-se as boas vindas a Londres 2012.
Fiquem as lembranças das corridas e dos saltos, dos mergulhos e dos voos, dos lançamentos e levantamentos, mas, e mui especialmente, as memórias da luz e da cor, da grandiosidade, da graciosidade e da alegria entre gentes de culturas e fisionomias tão díspares convivendo em salutar harmonia.
Após brilhar por 16 dias ininterruptos, a chama olímpica apagou-se em cerimónia deslumbrante plena de felicidade entre os participantes agora livres do peso da responsabilidade de competir e carregando apenas o peso das suas medalhas, as douradas, prateadas ou de bronze, mas essencialmente a mais importante de todas, aquela que não tem preço e que não pode ser doada nem roubada ficando orgulhosa e eternamente gravada na memória, a da presença numa Olimpíada.