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Com a entrada de 2010 entra também o ano em que a capital da República Federativa do Brasil comemora o seu meio-século de existência.
Sessenta mil balões, biodegradáveis, para comemorar a saída do ano e a entrada de 2010. A iniciativa foi da Associação Comercial de São Paulo.
... naquele tempo em que ainda não havia sido inventada a playstation, em que diziam que os computadores ainda tinham um tamanho maior que o comboio [trem] e eram privilégio apenas de algumas poucas empresas mundiais e em que a nossa vivência comprovava que a televisão ainda estava ausente da esmagadora maioria dos lares, já existia, contudo, juventude. Jovens como nós que conseguiram crescer sãos e salvos resistindo tenazmente a essas lacunas porque se distraíam fazendo rodar um arco ou um pneu de motorizada ou dando uns pontapés na bola [embora quase sempre perseguidos pela GNR] e brincavam aos caubóis com pistolas sofisticadamente elaboradas a partir dos galhos de árvore, que construíam comboios de latas de conserva vazias e telefones com duas latas e uns metros de cordão, que jogavam à bilharda e ao prego, que se divertiam com o esconde-esconde e o agarra, que tanto coleccionavam botões como selos de correio, que passavam horas a jogar ao par ou ímpar com os "bonecos da bola" [um dos mais didácticos passatempos muito útil na aritmética, diga-se de passagem], que iam aos grilos para os engaiolar e ouvir cantar e que aprendiam o significado de metamorfose muito antes do vocábulo lhe ser impingido na Escola.
É verdade meus amigos e amigas, mui especialmente os mais novos, acreditai e não julgueis que isto é conversa de velho cota.
Uma das mais belas metamorfoses com que a Natureza nos brinda é oferecida por esse bichinho aí na foto a devorar folhas de amoreira, curiosamente o único vegetal de que se alimenta. Naquele tempo, raros seriam os lares que não tivessem uma caixa de sapatos debaixo da cama ou em cima do guarda-roupa [local abrigado da luz do Sol] onde pastavam umas dezenas de bichos-da-seda, pelo menos, que levam este nome porque é com fios de seda que fabricam os casulos onde ficam sepultados e se transformam em borboletas que têm por missão acasalar e pôr ovos para destes nascerem novos bichinhos. Em verdade vos dizemos caros amigos e amigas que mesmo em era de tão sofisticada tecnologia a criação de bichos-da-seda lá em casa [e na Escola] deveria ser matéria educacional obrigatória na formação da criança. Além de fazer compreender a transmissão de vida, entretém a criança e incute-lhe a responsabilidade: cuidar da alimentação e fazer a limpeza do espaço eliminando os talos das folhas e as caganatas ou caganitas que são esses pontos negros na figura. Virá a propósito dizer que os bichos-da-seda retratados na foto são fêmeas já que os machos possuem uns anéis negros a separar os segmentos do corpo que são bem visíveis mesmo nas fêmeas. Também importante focar que nesta fase de lagarta não acontece o acasalamento e sim na de borboleta.
sobre o bicho-da-seda: um documento outro documento
Esta entrada veio a propósito porque recebemos uma apresentação de slides PowerPoint de título ROTA DA SEDA, mas quando vimos a foto/slide que publicamos a dura couraça de adulto desfez-se e inevitavelmente fomos levados a viajar ao tempo quando, criança, éramos "criadores de bichos-da-seda" seguindo, afinal, os passos dos manos mais velhos embora estes o fossem de forma mais "industrializada" em que as caixas de sapatos eram substituídos por caixotes e caixotes pendurados na antiga adega da nossa casa, da agora verdadeira e unicamente nossa casa situada no Outeirinho vinda por herança desde os avós maternos [Elísio e Margarida] e que já terá mais de um século de vida.
Quanto aos "lucros" da produção não nos consta que alguma vez tivesse sido vendido um só saco de casulos, afinal o objectivo era apenas de usufruir do prazer de acompanhar a evolução e as transformações de um dos animais mais queridos e amados das crianças e jovens de então: o bicho-da-seda.