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... tudo por culpa de uma foto antiga que nos fez recuar no tempo.
O título não vai no singular porque poderia confundir-se com Escola, sistema de ensino, e como não se pretende entrar em campo tão problemático nem sequer que o possessivo seja relacionado ao país ou à cidade onde nascemos, optámos pelo plural tanto mais que o que se deseja é mesmo que o nossas se refira literalmente a nós que redigimos. Em vias de tal aqui apresentamos duas das Escolas que frequentámos e que muito nos marcaram já que nelas passámos a infância e a adolescência.
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A da esquerda, com um inestético pinheiro à sua frente e que nem sabemos se ainda por lá está, é a emblemática Primária situada na Feira, e que em face do que se propalava no Portugal de então, em que homens e mulheres não se podiam confundir publicamente, era chamada de Escola dos Rapazes. Foi, assim, esta a nossa primeira escola já que naquele tempo não se falava em creche ou jardim de infância e foi onde aprendemos a arte de ler e escrever. Nós, bravos alunos, palmo e meio de gente, quiçá inspirados pelos feitos da garbosa nau ou caravela estampada no painel de azulejos da fachada, lá íamos cantando e rindo nas manhãs de Sábado o Hino Nacional e aquele outro hino em que nos convenciam que Angola era nossa, mas também cantávamos, aqui nem sempre rindo, a Tabuada dos dois aos nove e despejávamos os afluentes da direita e da esquerda (e de mais margens que houvessem) dos rios que, acreditando que existissem, só conhecíamos como riscos azuis de um mapa rectangular pendurado ao lado do quadro negro e um pouco mais abaixo de uma das fotos que ladeavam o crucifixo, a do Presidente do Conselho Oliveira Salazar e a do Almirante Américo Tomás, Presidente da República. É de salientar ainda, já que é quadro inesquecível, que toda este vómito cantante do empanturranço vespertino era marcado pela visão aterradora da cana-da-índia (bambu) em movimento pendular e/ou da ameaçadora régua ou palmatória estrategicamente colocada bem à vista no tampo da secretária do professor. Outros tempos, outro sistema que não interessava a ninguém e se alguns ainda têm a mania de partir em sua defesa é porque são masoquistas, sádicos e inimigos da arte de ensinar/aprender, mas confessemos que foram quatro anos marcantes e que jamais se podem apagar.
A segunda foto (transcrita de postal da FotoFLASH) retrata o antigo Colégio Academus, unidade de ensino particular que com o advento da Revolução de Abril passou a Escola Pública e actualmente está virada para a vertente profissional. No Academus passámos oito anos da nossa juventude e, inevitavelmente, é grande o amor que nutrimos por aquelas "quatro paredes" que também ajudámos (todos nós) a dar-lhe forma e à custa de muita picaretada e marretada (onde não faltou a detonação de velas de dinamite)... não sabemos se é caso único no país, mas de qualquer modo achamos que deveria constar em canto qualquer da Escola uma placa alusiva a tão inusitada actividade extra-curricular. Mas aqui, no Academus, aprendemos muito... as equações e os sistemas, História, Ciências, a LínguaMãe e até palavras estrangeiras, embora a Filosofia fosse a mesma do país... fechada e sem discussão. Os bons momentos foram muitos e enormes (merecedores de constar em livro) todavia a sua grandeza não consegue fazer esquecer as cenas menos dignificantes a que assistimos, mas disso não falaremos visto que desejamos finalizar esta viagem no tempo com um momento de festa a que tivemos o grato prazer de assistir e que ainda guardamos na retina da nossa mente, o lançamento da primeira pedra do Academus.
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Obs. a foto foi transcrita do semanário Defesa da Beira, de uma rubrica com a chancela do amigo sr. Carlos Ribeiro, a quem queremos de imediato endereçar o convite de publicar no nosso espaço essas fotos memórias do Povo Santacombadense... Voz do Seven teria a maior das honras!