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A opinião de LARA GUINA
As crianças e as mentiras
Lara GuinaAs crianças recorrem muito frequentemente à mentira, ou seja, a alteração da realidade é quase vital para elas. Estas crianças usam a mentira para que os seus pais, principalmente a mãe, não possam ver o seu mundo interno, que para elas é muito próprio e pessoal. No fundo a mentira tem uma função protectora, por exemplo, uma criança que traz para casa um teste com nota negativa e que tenta esconder ou modificar essa mesma nota, está a tentar evitar de sofrer castigos. Um outro exemplo, poderá ser a invenção por parte da criança, que tem uma família rica, com uma casa enorme com piscina, para que possa ser aceite no seu grupo de amigos.
A discriminação do verdadeiro/falso e verdade/mentira evolui progressivamente ao longo do desenvolvimento da criança. Antes dos seis anos de idade, a mentira e a brincadeira são um pouco confundidos, podendo a criança mentir, mas sem essa mesma intenção. Entre os seis e os oito anos o verdadeiro e o falso já começam a ser distinguidos, mas a mentira ainda não é encarada como tal. Após os oito anos de idade, a mentira é realmente intencional.
É importante que o bom exemplo venha dos pais, isto porque existem pais que usam os filhos para mentirem a outros adultos, por exemplo, quando o telefone toca, mandam os filhos atender e dizerem que não estão. Ora, esta atitude por parte dos pais só ajuda a que as crianças pensem que a mentira não tem mal nenhum. Assim, consequentemente, poderão seguir o exemplo dos pais e começarem com pequenas mentiras, para não sofrerem castigos e para se livrarem das responsabilidades dos seus comportamentos. Por exemplo, um aluno que não fez os trabalhos de casa, poderá dizer à professora que teve de ir a uma consulta depois das aulas e que acabou por não ter tempo para os fazer.
A partir do momento em que os pais se começam a aperceber das mentiras dos filhos, torna-se fundamental a confrontação com a criança, de forma a que esta perceba que este tipo de comportamento não é o mais correcto. Os pais devem explicar à criança a diferença entre a realidade e a mentira e as desvantagens/consequências que uma simples mentira pode trazer. Quando é cedido à criança um espaço onde ela pode exprimir os seus pensamentos, sentimentos e o porquê das mentiras, esta sente-se mais confiante e compreendida. Os grandes castigos ou os grandes sermões podem deixar a criança triste e com a sua auto-estima em baixo.
Psicóloga Clínica
http://laraguina-psicologa.blogspot.com/