Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
(começou com escola e guerra, também paz e desejo, depois, sem controlo, a mente divagou e em complemento voou para trás, para a Escola do Portugal de há uns anos, talvez sentindo falta...)
Em complemento - Reparem atentamente nessa Sala de Aula, porque nos faz lembrar o Portugal interior de há uma vintena de anos quando em salas de aula completamente nuas, sem aquecimento central e muitas delas ventiladas por buracos nas paredes e janelas, driblávamos as falhas do sistema, do ministério e do ministro e à falta de mapas ou de projectores disto e daquilo respondíamos nós com desenhos esquemáticos de órgãos e sistemas do Corpo Humano no quadro, nem sabemos se verde se preto mas alguns deles tão pequenos quanto a antiga lousa que usávamos na Escola Primária, passe o exagero. Ao fazer este reparo não estamos de maneira alguma a enviar recado comparativo a alunos e professores actualmente em constante reivindicação e protesto contra a Ministra (com alunos a atirarem tomates, vá lá perceber-se) porque também os fizemos, o que achamos é que naqueles tempos parece que o Ensino era mais sacerdotal e o aluno era considerado a pedra basilar da Escola... hoje esse Ensino tende a ficar mais frio e calculista, se aprendes aprendes e se não aprendes aprendesses (afinal os colégios particulares existem para quê?), atrevemo-nos a dizer profissional despido de emoções, talvez globalizado para empregar palavra da moda, e o aluno carece do que a sociedade em geral e pais em particular não lhe sabem incutir: respeito. Respeito pelos mais velhos e respeito pelas hierarquias, as quais, verdade seja dita também podem pecar por não saberem dar-se ao respeito com notória falta de autoridade como foi ou é (mau) exemplo o triste caso do telemóvel (celular) numa escola qualquer do Porto e cujo vídeo navegou pela internet para gáudio de detractores do Ensino Público e dos políticos em oposição. Bom, talvez falemos assim porque na verdade nunca fomos professor de papel passado (nem nos intitulávamos), nunca nos profissionalizámos, em suma fazíamos a vez de como apregoávamos, mas com lealdade, vos garantimos, dando tudo de nós e bem cientes e conscientes do que estávamos a transmitir. Virá a talhe de foice recordar que foi gratificante e que talvez hoje sintamos a falta de lidar com essas mentes tantas vezes em efervescência, mas que com jeitinho (e, às vezes com umas vozes em tom mais elevado, tão necessárias como um não a um filho) se conseguem fazer acalmar, moldar, para estarem aptas a receber e a assimilar o que no futuro lhes será necessário. Seja a mente uma mente aberta, costumávamos dizer, que "entra tudo". E que se danem as didácticas e as pedagogias e até as célebres teorias de Piaget se o contradisserem. É afinal a aprendizagem, que quando bem feita e de modo agradável até pode levar aluno a escolher licenciatura na matéria que lhe expusemos, como aquele que um dia encontrámos, já homem, muitos anos depois de nos ter passado pelas mãos e que estava a acabar o curso de Matemáticas por nossa culpa, segundo ele, por termos sido nós que lhe incutimos a arte de bem desenhar um algarismo, de lhe termos ensinado a calcular uma hipotenusa ou apreciar uma curva e a amar uma equação.... valeu a pena, sabiam?Para quê chateá-los com o quadrado da hipotenusa ou com a soma do quadrado dos catetos, se a maioria das habitações já não tem as paredes em pé e para quê pregar-lhes a fórmula mágica de Einstein se nem tempo terão de comprovar se realmente a energia libertada da bomba que lhes pode destruir a Escola é igual à massa vezes a velocidade (da luz) ao quadrado?
Sim, porque apesar de a foto nos dizer em legenda que "famílias palestinas procuram refúgio em escolas após ataques a Gaza" ninguém neste mundo vai acreditar que os aviões israelitas as poupem... e cremos piamente que no outro (mundo) também não.
Enfim, é o mundo em que vivemos, que temos ou fazemos.
Vem aí 2009, que como os outros todos chega mais cedo a uns lugares e mais tarde a outros, mas apesar de ser o primeiro da era pós-Bush parece que nada se vai alterar. Pelo menos aqui na Terra Santa, ó santa ironia. Tudo vai continuar na mesma, ora, apesar de o moleiro ser outro. Os mais fortes, a coberto dos outros mais fortes, farão o que lhes der na real gana e o povo mexilhão, apenas tentando agarrar-se à rocha que lhe pertence de pleno direito, vai ter que lhes aguentar as porradas esbracejando de vez em quanto em luta mais desigual que David contra Golias sendo que, paradoxalmente, o judeu David é árabe aqui na nossa analogia. Até quando vai durar esta guerra na terra prometida (e dada) pela ONU não se sabe, mas acreditamos que um dia a coisa muda. Talvez um dia quando todos os cristos homens, verdadeiramente amantes da paz em terra onde a igualdade seja um facto, juntarem as suas vozes e acções. Sim, porque está mais que provado que as useiras cantilenas de esperança de um novo ano livre da fome e da guerra jamais farão alguma coisa, tal como nada se alterará neste planeta com as palavras natalícias ou natalinas apregoadas na semana passada de Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade (talvez resultasse se desejada, aliás exigida, aos de má vontade, afinal aos senhores donos deste mundo) e nem sequer as reuniões (como sempre inconclusivas) da União Europeia, da ONU e quejandas, farão algo pela Paz, afinal são como sempre apenas conversas para boi dormir, como soi dizer-se por aqui, e que proporcionam isso sim um encontro de velhos conhecidos de outras andanças similares à volta de mesas faustosas ornamentadas com champagne e caviar... no final emite-se comunicado, talvez a condenar mas sem punir, e até à próxima que agora é hora de ir festejar o réveillon costumeiro no final de cada encontro.