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A opinião de PEDRO GUINA
Partido Socialista estica a corda
Confesso que o congresso do PS me enfadou um pouco. Foi um congresso sem ideias, sem debate, e acima de tudo, manifestou que o actual PS se resume a uma mera máquina de alcançar o poder. Segundo, porque Sócrates apareceu como uma Super Star, numa cultura mediática do líder, fazendo lembrar o convidado Hugo Chávez, atacando a campanha negra levada a cabo pelo Público e por Manuela Moura Guedes no telejornal de sexta-feira. Como se os jornalistas tivessem aprendido emails, como se os jornalistas tivessem culpa das cartas rogatórias para a policia britânica. Perante tamanha demagogia os militantes que enchiam pavilhão, vindos de autocarros de todo o país batiam fervorosamente palmas, pouco faltando para pedir BIS à estrela.
Bem fez Manuel Alegre em não aparecer no congresso. É que o PS sempre foi um partido de ideias e de causas nobres, de cultura e de pedagogia democrática. Infelizmente, muitos dos profissionalmente socialistas têm vindo a empregar linguagem e tiques que de socialistas nada têm (desde há uns anos quem se mete com o PS leva!, ao recente episódio "Malhar na direita"). Lamento que no congresso do Partido Socialista não tivesse havido uma palavra para aqueles que sofrem com o desemprego e a pobreza.
Hoje, como socialista que sou, sinto-me indignado com as declarações absolutamente insensatas (para não dizer outra coisa) de José Lello, que, sempre na defesa do PS (Partido Sócrates) não teve pejo em insultar o histórico poeta da liberdade, Manuel Alegre, referindo que o mesmo tem falta de carácter.
Pois se é coisa que não falta a Alegre é carácter, inteligência, sensatez. Alegre sempre foi um dos maiores defensores da liberdade, servindo sempre dignamente a politica, ao contrário de muitos ditos socialistas de hoje, que mais não fazem que é servir-se do Partido e da política.
José Lello foi mesmo mais longe, referindo-se com desprezo ao milhão de votos que Alegre obteve nas presidências. Pois, na verdade muitos socialistas e cidadãos revêem-se nesses votos, porque se revêem na integridade, na coragem e civismo com que Alegre sempre se pautou na vida política. E José Lello, alguma vez foi a votos? Se esse senhor alguma vez leu e ouviu na voz de Adriano a "Trova do vento que passa", seguramente teria noção das grotescas declarações proferidas.
Toda esta raiva, surgiu hoje por Alegre não excluir, caso a lei o permitisse, a hipótese de concorrer numa plataforma de esquerda contra o PS. Pois uma coisa é certa, tenho a dizer que há semelhança das presidenciais, seguramente que Alegre teria o apoio de todos os socialistas que efectivamente se batem por um Socialismo Democrático e pela ética na politica, e acima de tudo, pelo respeito pelos militantes base. É que os militantes não servem só para bater palmas ou colar cartazes.
Espero que Sócrates tenha a dignidade de se demarcar e de reprovar tais declarações e que ponha um freio a tal gente (o que ainda não aconteceu).
Pedro Guina
Advogado
www.pedroguina.blogspot.com