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A opinião de PEDRO GUINA
José Sócrates em maré de azar
As eleições europeias foram um verdadeiro terramoto político. Com efeito, contrariando as sondagens, o PSD venceu tal acto eleitoral. Aliás havia uma única sondagem que dava a vitória ao PSD: a sondagem da TSF.
Confesso, que já espera que as coisas corressem mal para o PS. Com efeito a lista de candidatos era, no mínimo cinzenta. Um excelente professor de direito, independente, mas que cultivava vários ódios antigos no PCP e que veio a defender ideias completamente opostas ao PS. Além disso, um ex ministro da saúde, malquerido em muitos concelhos, e o pior que tudo, duas candidatas ao Parlamento Europeu e simultaneamente candidatas a duas Câmaras. Estavam juntos os ingredientes para o desaire eleitoral que se viu e a segunda derrota pessoal de Sócrates, que escolhera Vital Moreira. Sim segunda derrota pessoal, porque a primeira foi a escolha pessoal de Mário Soares para candidato presencial em 2006.
Por outro lado, Paulo Rangel, era um mistério a nível de conversão em votos, mas tinha a seu favor o facto de ser uma estreia em campanha e o facto de ser uma cara nova.
Com efeito, a grande campanha estampada em grandes cartazes regularmente substituídos pelo país não foi suficiente para que o PS afirmasse as suas ideias.
Depois das eleições, Sócrates adoptou uma postura já apelidada de "cordeirinho". Contudo, tal postura, possivelmente se tivesse sido tomada antes das Europeias, o resultado teria sido outro. Tal mudança de postura, foi alvo de acusações pela oposição que logo disse que foi forçada e pouco sincera, tendo-lhe valido a perda do primeiro debate parlamentar após as eleições.
Seguidamente, tivemos a semana passada o segundo debate, o qual até estava a correr bem a Sócrates. Só que o gesto lamentável de Manuel Pinho colocou tudo a perder. Tal gesto de insólita falta de respeito pela casa da democracia foi relatado em todos os jornais, televisões e sites do mundo inteiro. Naquela dia, aquele parlamento, parecia um parlamento dos países asiáticos, em que muitas vezes as coisas são resolvidas à pancada. Mas, antes do gesto, há muito que, enquanto Sócrates discursava, aquele ministro barafustava com os membros do PCP. Aquilo parecia uma sala de aula, onde um professor dá a aula e os alunos estão todos na conversa até que, a certa altura, há algum que faz um grande disparate e é expulso.
Mas o azar de Sócrates não ficou por aqui. Esta semana, o PS decidiu que os candidatos às Câmaras Municipais, não poderão ser candidatos a deputados. Ora, com cartazes de candidatos a autarcas na rua, tal facto, foi um verdadeiro temporal, com muitos candidatos a acusarem o partido de mudar as regras a meio do jogo, sendo certo que, ao que parece, tais candidatos o que queriam era um lugar, fosse ele numa Câmara ou no Parlamento. E com isto, vimos o PS a discutir lugares e não ideias.
Pessoalmente, até concordo com tal medida, a qual dignifica a politica, só tenho pena é que tal medida não tenha sido, adoptada nas Europeias, o que sempre pouparia as criticas dos partidos da oposição.
Esta semana, para mais azar de Sócrates, Manuel Alegre veio defender a eficácia retroactiva de tal decisão, defendendo que Ana Gomes e Elisa Ferreira, eleitas para o Parlamento Europeu e simultaneamente candidatas respectivamente às Câmaras de Sintra e do Porto escolhessem e renunciassem ao cargo do Parlamento Europeu ou às candidaturas autárquicas. Nada mais acertado!
Com todo este azar que acabou de vez com o mito do PS invencível, como já disse Marcelo Rebelo de Sousa, se José Sócrates tem mais duas semanas assim, arrisca-se mesmo a perder as eleições, sendo certo que a última sondagem já coloca o PSD à frente nas intenções de voto.
Pedro Guina
Advogado
www.pedroguina.blogspot.com