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(a M. Thatcher, com amor)
Em 1991, Janeiro como li agora, acordei a minha filha para assistir na televisão a um momento sublime: guerra em directo ou ao vivo como por aqui se diz. Dir-me-ão agora, talvez, que foi um crime acordar a meio da noite uma criança de apenas 8 anos para assistir a uns fogachos em fundo esverdeado, mas entendi eu por bem que momento televisivo como este, tão épico quanto a descida de Armstrong na Lua em 1969 que (ainda) guardo na memória, não podia de maneira alguma ser perdido, por novos e velhos, por ricos e pobres, tanto que nos era oferecido de forma gratuita. Foi, pensava eu que tinha sido, o seu baptismo bélico do qual não me arrependo porque afinal até lhe serviu de base preparatória para as outras (guerras) que se seguiram. Vem esta introdução a propósito porque quero justificar-me perante minha filha dizendo-lhe que afinal não foi esta a primeira guerra a que assistiu. É verdade que ainda não tinha nascido, mas já era vida em desenvolvimento no ventre da mãe, quando lá, agora cá, nos confins do Atlântico Sul se deu um conflito conhecido como a Guerra das Malvinas, a que os ingleses chamam de Falkland War, mas como acho que os ingleses deviam era regressar à sua Bretanha recuso-me, em solidariedade para com os hermanos argentinos, a dar-lhe a denominação em língua inglesa. Nem à guerra nem às Ilhas Malvinas. O conflito deu-se porque a Argentina acha que as Ilhas lhe pertencem, afinal estão ali à mão de semear, e os ingleses entendem que mesmo à distância de umas duas dezenas de milhar de quilómetros têm direito sobre elas. E continuam lá. Quer dizer que apesar de já vivermos em pleno século XXI continuamos ainda com potências colonizadoras a ocuparem territórios situados a uma distância astronómica da metrópole. Fosse o pequeno Portugal o conflituante e logo seria chamado de bárbaro colonizador e de imperialista sem vergonha. Na sede da ONU o conselho de segurança reuniria e talvez até os ingleses viessem grafitar os nossos Jerónimos com slogans a mandar-nos para fora das ilhas que eles ocupam.
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Em remate, fica o alerta para aqueles que se dedicarem (e se atreverem) a ler o (longo) texto descritivo desta guerra que neste tempo, em 1982, ainda não havia Iraque, Afeganistão e Paquistão para entreter o pessoal, leia-se marines e companhia. Bom, talvez a Guerra das Malvinas fosse já um ensaio...