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Em espaço democrático onde todas as crenças têm lugar, resolvemos neste ano de 2007 despir a entrada da Páscoa de toda e qualquer religiosidade e desejar simplesmente uma Páscoa Divertida, a que não será alheio o facto de nos ter vindoà rede este boneco divertidíssimo de dois ícones da quadra em pose que contraria as leis da Natureza, embora intimamente ligados pela fertilidade que representam.
Páscoa Divertida igualmente porque independentemente dessa crença que referimos, ou da falta dela, as pequenas férias que os Governos oferecem não se vão deitar pela janela fora e mesmo não crendo sempre se trinca, às escondidas ou não, uma amêndoa e se prova uma fatia de broinha barrada com lasca de um bom Queijo da Serra. Se a bolsa estiver acima do limiar mínimo da sobrevivência até se consegue pôr o cabrito ou o borrego a bronzear no forno e na Sexta-feira anterior (Santa) é também muito possível arranjar-se coragem para comprar do melhor bacalhau cumprindo assim a penitência imposta pelas leis, esquecendo-nos, no entanto, que o verdadeiro calvário chegará no mês seguinte.
O frenesim de levantar cedo e o vestir apressadamente da roupa domingueira para receber o Padre (a comitiva, o Compasso) já são ténues lembranças nesta mente de 50 anos (é bem verdade que até fazermos sessenta teremos sempre meio século), mas omomento after que vinha a seguir é que já ocupa uma quantidade de neurónios bem maior e o centro das emoções desperta-nos aquele sentimento que intitulam de saudade mas que contrario visto que por definição saudade é lembrança triste e eu antes recordo com alegria e narro com felicidade: o queijito, a broinha, o pão-de-ló, a garrafa de vinho branco que o Zé Neves abria em ocasiões especiais... a família em união.
Quando ainda mais novo a ânsia era outra e até a mãe Rosa me tinha que dominar o ímpeto imediato de partir em busca do folar (não confundir com o saborosíssimofolar transmontano) que eu provavelmente considerava como um pagamento obrigatório por a madrinha me ter baptizado... logo que o "tiro de partida" era dado lá ia eu em corrida desenfreada de aí uns vinte metros até à casa vizinha, afinal uma casa bem querida para mim e que eu frequentava assiduamente. Para além de uma nota (cédula por aqui) eu era contemplado ainda com trigamilho, broinhas, uns chocolatezitos e um ou dois pacotitos deamêndoas que a minha mamã, mãe de minha madrinha, enfiava em gestos cuidados e carinhosos pela boca bem aberta de uma saca de pão, saca ou sacola em pano tipicamente portuguesa embora naquela altura talvez não fosse uso colocar um Galo de Barcelos estampado como naquela que eu tive preocupação em trazer.
Comecei com desejos de uma Páscoa Divertida e, já que há coisas a fazer, é assim que me despeço num repente, até...